O programa contará com um grupo formado de mediadores de leitura, artistas e produtores culturais, que irão desenvolver ações descontraídas e intervenções baseadas no conhecimento de mundo e na vivência dos estudantes. Serão utilizados recursos como filmes e vídeos, serigrafias, apostilas, exposições fotográficas e literárias, volantes, adesivos e panfletos, além de livros, quadrinhos e outras publicações. Todos os recursos são oferecidos gratuitamente ao público participante das atividades.
A edição do Programa Tirando de Letra será realizada no Colégio Estadual Professor Mariano Camilo Paganoto, localizado na região do bairro Jardim Petrópolis, e no Colégio Estadual Três Fronteiras, no Porto Meira. O projeto é realizado pela Associação Guatá e a Itaipu Binacional, como o apoio do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná (Sindijor/Foz).
Como explica o diretor da Associação Guatá, Silvio Campana, o projeto é uma ação em defesa da leitura, com o objetivo de auxiliar na melhoria dos indicadores relacionados ao quanto se lê e ao que é lido, principalmente pela juventude. “O programa parte do entendimento de que todo o ser humano possui uma carga cultural e uma experiência de mundo. Assim, promovemos o encontro desses conhecimentos e os relacionamos às práticas de leitura e escrita. O objetivo final é que cada pessoa seja expresse a sua própria realidade por meio da literatura, lendo e escrevendo”, revela o produtor.
O Programa Tirando de Letra se baseia em indicadores que apontam que somente a metade da população é considerada leitora e que o brasileiro lê apenas quatro livros por ano, em média, sendo dois inteiros e dois em partes. Estas referências fazem parte do estudo Retratos da Leitura no Brasil, realizada pelo Instituto Pró-Livro.
Para o professor da disciplina de artes, Eliandro Avancini, programas como o Tirando de Letra ajudam os estudantes a ver a leitura de forma mais acessível e contribuem para que a escola se apoie em novas ferramentas pedagógicas. “As respostas civis à questão da leitura funcionam de forma dupla, estimulando os alunos a outras leituras e incentivando os educadores e investir em novas práticas”, diz o professor do Colégio Mariano Camilo Paganoto.
A mediadora de leitura, Alinne Miskalo, explica que as atividades do Programa Tirando de Letra terão desdobramentos ao longo dos próximos dias, nas escolas que recebem ação neste final de semana. “Pretendemos lançar uma semente, estimulando os estudantes a produzir materiais impressos e a alimentar um blog do projeto. Nos próximos dias, a ideia é reforçar as atividades, para que elas se tornem cada vez mais efetivas nas escolas”, diz Miskalo.
100 ANOS DE HELENA KOLODY
Entre os materiais utilizados pela Guatá, durante as atividades do Programa Tirando de Letra, está a exposição “Helena Kolody”, em homenagem aos 100 anos da escritora paranaense Helena Kolody, que se completam este ano. O acervo irá reunir fragmentos literários da poeta, considerada um dos maiores nomes da poesia do Paraná. Também será exibido um filme sobre a obra da escrita, seguido de debate e discussão entre os alunos.
Kolody baseou a principal parte de sua obra na técnica do haicai, poética de origem oriental, baseada na concisão da mensagem e dos sentidos expressos nas criações. Tendo publicado os seus poema ainda na década de 1940, Helena Kolody tornou-se a primeira mulher a publicar poemas em haicai no Brasil.
Nascida em Rio Negro, no Paraná, a poeta passou a maior parte de sua vida em Curitiba, onde foi professora, além de escritora. Helena Kolody editou cerca de 25 livros, tendo falecido em 2004.
HISTÓRIAS DE VIDA
O que a experiência de vida e o conhecimento de mundo de uma pessoa têm a ver com a literatura? Tudo, pois toda a palavra tem uma intenção, serve a determinado propósito.
Desta forma, o Programa Tirando de Letra, em sua edição neste final de semana, irá utilizar a leitura e as expressões escritas e orais como exercício da memória. O mês de maio faz alusão ao Dia Internacional de Histórias de Vida, celebrado no dia 16, por diversas instituições.
Este ciclo pretende estimular que as histórias presentes em cada pessoa sejam compartilhadas e escritas, como um meio de protagonismo de prática da cidadania. Para tanto, a Guatá irá desenvolver oficinas e jogos que retratam a história coletiva, a realidade local as teias de memória que fazem parte da identidade de cada jovem. Nesta etapa, os grupos escolhem, leem e discutem algumas histórias, enriquecendo cada uma delas e até alterando o sentido dos temas e discursos tratados. Para este exercício também são utilizados documentários, fotografias, ilustrações e peças literárias relacionadas à temática.