Confira a entrevista concedida pela senadora paranaense pelo Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann, à Revista Sobre Rodas, especial “Mês da Mulher”. Gleisi que tem sua
história ligada à Foz do Iguaçu devido a sua passagem pela Itaipu Binacional,
como diretora-financeira e responsável pela implantação de boa parte dos
programas sociais da empresa e trabalhou lado a lado com a presidenta, Dilma
Rousseff, fala um pouco de sua experiência na Casa Civil e os resultados
conquistados nos últimos dois anos e sete meses. Na opinião da senadora, é
preciso arregaçar as mangas e entrar com a cabeça e o coração no trabalho.
Exercitar a vocação. Só assim os resultados aparecem.
Revista Sobre Rodas: Senadora
Gleisi, a senhora acaba de deixar o cargo de Ministra-Chefe da Casa Civil para
se dedicar aos preparativos da pré-campanha ao governo do Paraná. Qual será seu
grande desafio?
Gleisi Hoffmann: Depois de dois anos e sete meses no comando da Casa Civil, trabalhando
em regime de dedicação exclusiva, estou de volta para exercer, com força,
coragem, disposição e alegria, o mandato de Senadora da República, que os
paranaenses generosamente me concederam. Minha meta, neste momento, é voltar a
percorrer os municípios paranaenses, ter contato direto com a população para
discutir a situação do Estado, além de contribuir com o debate dos grandes
temas nacionais. É muito cedo para falar de processo eleitoral, estou focada no
meu trabalho em Brasília e no compromisso de lutar pelo desenvolvimento do
nosso Estado e do nosso País, garantindo dignidade às pessoas.
SR: Você sempre deixou claro que
o crescimento paranaense nos últimos anos foi muito abaixo do esperado. A falta
de projetos apresentados ao Governo Federal ocorreu devido à política? Qual a
maior falha de seu possível adversário e atual Governador do Paraná?
GH: Não é só a falta de projetos que compromete o Governo do Estado. A
situação caótica do Paraná demonstra total falta de comprometimento deste
Governo com a população. Hoje, vemos obras paralisadas, viatura de polícia sem
combustível, escolas sem recursos para manutenção. A maioria das obras está
atrasada, corremos o risco de perder o controle da Sanepar e agora, o Governo quer
dar o golpe nos micro e pequenos empresários aumentando a carga tributária.
Quem mais gera emprego será penalizado. E a grande verdade é que o nosso Estado
estaria em condições piores sem a ação efetiva do Governo Federal na realização
de programas como o Minha Casa, Minha Vida, o Bolsa Família, o Mais Médicos, o
PAC Equipamentos, as creches e os investimentos em infraestrutura, que já
perfazem mais de R$3,5 bilhões destinados ao Estado, investimentos que geram
emprego e renda. Essa situação não pode continuar, precisamos convocar todos
àqueles que querem o bem do Estado para fazer uma cruzada pelo bem do Paraná.
Vamos chamar os sindicatos, os movimentos sociais, os agricultores, os
empresários, entidades e toda gente trabalhadora e empreendedora para salvar o
Paraná da situação vexatória em que se encontra.
SR: Você ficou quase três anos no
Ministério, qual seu maior legado?
GH: Quando assumi a Casa Civil, a presidenta Dilma disse que a nossa missão
era dar respostas concretas às necessidades da população. Eu deveria cuidar,
monitorar e cobrar dos ministérios para estruturar e definir os programas,
buscando sempre o interesse público, procurando assegurar os benefícios da
maioria. Hoje, posso olhar para trás e ver que um bom caminho foi percorrido.
Estamos construindo um novo Brasil, com a inflação sob controle e com o
equilíbrio das contas públicas – requisitos essenciais para assegurar a
estabilidade e o desenvolvimento com progresso social.
SR: A presidente tem uma imagem
para a população de alguém durona, que cobra muito. No dia a dia, ela é assim
mesmo?
GH: A presidenta é exigente, sim, mas com inteira razão. Temos de ter, no
serviço público, eletivo ou concursado, o costume da cobrança, o
estabelecimento de metas e resultados. Aprendi muito ao lado da Presidenta e
admiro a determinação, a seriedade e o grande espírito público que a
caracterizam. É um privilégio para este país ter alguém como a presidenta Dilma
em seu comando.
SR: Trabalhar ao lado da
presidenta Dilma Rousseff te deixou mais preparada para assumir o Governo do
Paraná?
GH: Ao me escolher para o comando da
Casa Civil, um posto de tanta responsabilidade na República, a presidenta Dilma
manifestou inteira confiança na minha capacidade de trabalho e de realização.
Isto me honrou muito. Os paranaenses também manifestaram a mesma confiança ao
me elegerem para o Senado. Sou muito grata. Quanto ao governo do Estado, estou
conversando com os líderes do meu partido e dos partidos aliados a respeito da
disputa, mas a decisão final caberá à população do nosso Estado. Espero,
sinceramente, que nosso povo decida mudar de forma a abrir mais os horizontes
do Estado. De minha parte, o que posso dizer é que continuarei cumprindo o que
for necessário para seguir merecendo a confiança de todos os paranaenses.
SR: Teve algum episódio que possa
ser considerado como mais marcante nessa passagem pela Casa Civil?
GH: A coordenação e a estruturação de dois programas: o Mais Médicos e o
Viver Sem Limite, significaram muito para mim. Foram momentos de emoção que fortaleceram
minha fé na capacidade que temos de mudar para melhor a vida das pessoas.
Fiquei feliz e comovida quando recebi os médicos no Paraná e quando visitei
alguns deles no local de trabalho. Estes profissionais estão dando dignidade e
respeito a pessoas que agradecem pelo fato de terem um médico à disposição
cinco dias por semana, oito horas por dia.
SR: Sem citá-la como candidata,
qual é o desafio do PT na próxima eleição paranaense?
GH: Temos que assegurar a continuidade desse projeto que está mudando a vida
de milhares, milhões de brasileiros e brasileiras e está servindo de referência
e exemplo a outros países do mundo. Eu não tenho dúvidas do caminho correto que
a Presidenta Dilma, com apoio dos partidos da Base Aliada, está seguindo na
condução dos destinos deste País.
SR: A Casa Civil tinha antes um
perfil mais político, mas quando entrou só falou em gestão. Por que optou por
esse foco?
GH: Cumprindo a orientação da presidenta Dilma, o foco da Casa Civil foi a
gestão dos programas de governo, a prioridade pelos programas para inclusão dos
mais pobres e pela melhoria da vida das pessoas, além da condução do grande
plano de investimento em logística. Procurei ouvir mais do que falar e
trabalhar mais do que me manifestar. Não deixei, contudo, de tomar partido,
assumindo, com responsabilidade e de forma consciente, a condição de agente do
Poder Público disposta a levar adiante mudanças relevantes para construir um
futuro compatível com a grandeza do Brasil. Procurei atuar como sempre fiz ao
longo da vida, com disciplina, determinação, humildade democrática e muito
trabalho.
SR: O programa de Investimentos
em Logística (PIL) foi o que mais lhe desafiou?
GH: O PIL foi um grande desafio porque não é fácil fazer mudanças. Os
interesses de quem não quer mudar quase sempre se manifestam com estridência,
enquanto os interesses pela renovação têm mais dificuldades de garantir
aliados. Há pressões, há conflitos e nem todos os interesses são conciliáveis.
Mas, se queremos progredir, temos de apostar nas mudanças. Nesse ponto, quero
destacar a ação firme e determinada da presidenta Dilma em defesa do interesse
coletivo. No comando da Casa Civil, tive apoio e a participação direta da
presidenta para estruturar e definir os programas buscando sempre interesse
público, procurando assegurar os benefícios da maioria e, tentando reduzir os
desníveis entre as regiões e entre os grupos sociais. Aliás, acredito que o
tempo mostrará a correta ação do governo em levar adiante, mesmo em tão curto
espaço de tempo um programa tão diversificado, abrangente e ousado para
transformar nossa infraestrutura e melhorar nossa logística. E já temos
resultados. Existe uma grande confiança nos negócios no Brasil não só aqui
dentro, mas também lá fora.
SR: O que mudou na Gleisi que
chegou ao governo em 2011 para a Gleisi de hoje?
GH: Esse período serviu para reforçar a minha crença de que, com muito
trabalho, é possível colocarmos em funcionamento ações de governo que
interferem positivamente na vida das pessoas. Reforcei minha visão de que as
máquinas de governo não são vítimas da ação ou inação de outros. De que cabe
aos governantes o compromisso com o trabalho para que essa engrenagem caminhe
no sentido de cumprir sua função primeira. Nesses dois anos e sete meses que
estive na Casa Civil sob o comando da presidenta Dilma, me convenci de que não
basta aos governantes ficarem reclamando da sorte ou da realidade, buscando
culpados fora de nós mesmos por situações vividas. Que é preciso arregaçar as
mangas e entrar com a cabeça e o coração no trabalho. Exercitar nossa vocação.
Só assim os resultados aparecem.
SR: Como gostaria que sua
passagem pela Casa Civil fosse lembrada?
GH: Como ministra-chefe da Casa Civil, tive a oportunidade de ajudar na
construção e realização de programas que mudaram e estão mudando para melhor a
vida de milhões de brasileiros. Ao lado da Presidenta Dilma, fiz a condução do
grande plano de investimento em logística, abrangendo rodovias, ferrovias,
portos e aeroportos, um plano relevante, feito para que o Brasil tenha um
futuro compatível com a sua grandeza.
Também ajudei na organização dos grandes eventos, como a Rio+20 e fiz o
acompanhamento dos preparativos para as Olimpíadas e para a Copa do Mundo. Com
o apoio do Congresso, aprovamos a nova Lei dos Portos, promovendo a abertura a
novos investimentos e oportunizando a competitividade à produção brasileira.
Posso dizer, com certeza, que foi uma experiência ampla e gratificante. Então é
isso: contribuir para viabilização desse projeto social vitorioso é motivo de
enorme satisfação. Ao lado da presidenta Dilma, trabalhei para edificar um novo
Brasil, sempre com base no diálogo e com um único objetivo: melhorar, cada vez
mais, as condições de vida do povo brasileiro
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