quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Ampliação do número de transplantes desafia os governos do Brasil, Paraguai e Argentina

O Grupo de Trabalho Itaipu-Saúde (GT Itaipu-Saúde) e os ministérios da saúde do Brasil, Paraguai e da Argentina estão trabalhando para ampliar o número de doações e transplantes de órgãos na tríplice fronteira. O tema foi debatido nesta quinta-feira (28), durante o seminário “Sistemas de doações de órgãos e transplantes”, promovido pelo GT Itaipu-Saúde, no Parque Tecnológico Itaipu. Participaram cerca de 100 profissionais de saúde, dos três países.

Durante todo o dia eles discutiram o processo de doação e transplante, diagnóstico de morte encefálica e critérios de viabilidade do potencial doador.

Costa Cavalcanti pode vir a fazer transplantes

Pelo Brasil, a proposta é ampliar o número de unidades hospitalares credenciadas a fazer as cirurgias e capacitar as equipes médicas para fazer a abordagem às famílias. O Hospital Ministro Costa Cavalcanti (HMCC), que hoje faz a coleta dos órgãos, ainda neste semestre poderá receber o aval e o apoio do Ministério da Saúde do Brasil para fazer o transplante de rins e, posteriormente, de córneas.

Segundo o médico Heder Murari Borba, coordenador-geral do Sistema Nacional de Transplantes do Brasil, o objetivo do Ministério da Saúde é ampliar o número de transplantes. De acordo com ela, há 40 mil pessoas na fila de espera. “Nossa meta é fazer as cirurgias em todas as regiões do País. E Foz do Iguaçu está em um local importante e estratégico. Tivemos conhecimento desta necessidade e da disponibilidade do HMCC por meio da ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e do GT Itaipu-Saúde”, disse.

“Já fazemos a coleta dos órgãos, mas não o transplante em si. Esta será mais uma conquista para o hospital e a população da região”, disse o diretor-superintendente do HMCC, Anilton José Beal. Na região, apenas em Cascavel é feito transplante de córnea.

Segundo Joel de Lima, assistente do diretor-geral brasileiro da Itaipu, o GT Itaipu-Saúde, com o apoio da ministra Gleisi Hoffmann, firmou parceria com o Hospital Israelita Albert Eistein, considerado referência em transplantes no Brasil. “Fizemos duas capacitações. Uma sobre manutenção do potencial doador de órgãos por meio da simulação realística e este seminário”.

Mais centros

Borba destacou que a proposta do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, de ampliar o número de unidades credenciadas, visa a agilizar as cirurgias e principalmente ter equipes capacitadas para abordar as famílias. “Há muitas mortes encefálicas, entretanto, a porcentagem de doação ainda é muito baixa. Independente da causa da morte, é possível fazer a doação”, explicou.

Atualmente, o Brasil faz 13 transplantes para cada grupo de 1 milhão de habitantes. Há três anos, eram 8,6. No Paraguai, são feitos 6,5 para cada grupo de 1 milhão.

Na Argentina

Durante o seminário, os técnicos puderam conhecer também a realidade da Argentina. O médico Angel Piacenza explicou que, no país vizinho, embora sejam feitos cerca de 20 transplantes a cada grupo de 1 milhão de pessoas, número considerado aceitável pela Organização Mundial da Saúde (OMS), ainda há 9 mil pacientes aguardando doações.

A maior espera é por rins: 6 mil pessoas; seguido do fígado, 750; outros 150 argentinos aguardam um coração. “Precisamos reduzir a fila por rins principalmente, pois enquanto aguardam, os pacientes precisam fazer hemodiálise, um procedimento que maltrata muito”, disse.

Diferente do Brasil, na Argentina o governo oferece gratuitamente 50% dos transplantes. “Apesar de não ser 100% gratuito, como no Brasil, não há comércio de órgãos, tampouco, tráfico. Buscamos mostrar isso a população”.

Tema importante

A gerente do GT Itaipu-Saúde, Luciana Bueno Sartori, destacou que o transplante de órgãos passou a ser um dos temas prioritários do grupo. “Temos consciência de que milhares de pessoas se encontram nas filas. Sabemos do sofrimento físico, moral e psicológico. Por isso, estamos trabalhando para reduzir a fila e angústia de quem aguarda um órgão”.

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