Com a permissão para divulgação expressa no texto, tomo a liberdade de compartilhar neste espaço, para que possamos nos aproximar das questões que devem ser administradas pelos nossos educadores, e refletir sobre a dimensão da educação.
Joel
Prezado Acadêmico
Apesar de você não se identificar (e não vejo a mínima necessidade), agora sim eu posso responder ao seu e-mail.
Quero agradecer a sua sinceridade e disposição em me enviar este e-mail, pois ele permite a oportunidade de expor para todos os acadêmicos do CECE o que está em jogo por traz desta greve, motivo de sua preocupação, bem como de muitos outros acadêmicos.
Quero informar que as respostas que darei ao seu e-mail serão enviadas a todos os professores e acadêmicos do CECE, com a permissão para ampla divulgação.
Vamos aos comentários:
1 - Quanto à sua afirmação de que "É uma indignação minha":
- Indignação com que ou com quem?
- Você já parou para pensar na indignação dos professores e agentes universitários? Você acha que ela é menor ou maior que a sua?
- Contra quem é a sua indignação? Com o nosso governador que rompeu as negociações (veja anexo o comunicado da SINTEOESTE) ao encaminhar para a tramitação o projeto de lei 252/15, na Assembleia Legislativa, em regime de urgência? Com os deputados estaduais do Paraná que votaram a favor desta PL 252/15? Contra os professores (e muitos acadêmicos também) que foram ao Centro Cívico (se é que agora aquele espaço poderá ser chamado de "Centro Cívico") e foram massacrados, humilhados, desonrados, agredidos etc? Ou contra mim que estou diretor do CECE?
- Você assistiu as reportagens televisivas e as postagens no Facebook? Você viu a indignação por parte das assembleias legislativas de outros estados? De entidades religiosas? Da OAB? De professores de outros estados? E das demais autoridades? Será que todos estão errados quanto as suas indignações?
- Se não for essa, a mesma indignação sua, sinceramente eu não consigo entender. Não consigo entender que a sua indignação seja somente com uma provável perda de um ano letivo, e não com a perda que os professores e agentes universitários estão tendo. Que você esteja indignado apenas com a sua situação, e não com a situação da "polis", com o direito adquirido, com a democracia, com o direito ao protesto, com a situação da educação em seu estado e em seu país.
- Não, mil vezes não! Eu realmente não consigo entender que um acadêmico, provavelmente do 4ª ano de um curso de engenharia, tenha esse tipo de indignação e não esteja sensível aos reais problemas que estão acontecendo em sua sociedade, que terão consequências incalculáveis no presente e no futuro; e que, de alguma forma, atingirá a você e a sua descendência.
2 - Quanto à "já é a 2ª greve, que, pelo visto, está se estendendo mais do que a 1ª greve":
- Vejo que você está desinformado. Quando em assembleia os professores e as demais categorias votaram para a retomada das atividades docentes, a decisão foi permanecer em "estado de greve" e não pela suspensão da greve. Isto porque havia desconfiança sobre o cumprimento do acordado pelo governo estadual.
- Portanto não existe a 1ª e 2ª greves e, sim, a continuação da 1ª greve.
- Quanto à extensão da greve, isto dependerá do atendimento aos justos protestos e reivindicações do funcionalismo público.
3 - Quanto à "Isso vai prejudicar muito os acadêmicos de todos os cursos professor Carlos Alberto Lima da Silva"
- O nobre acadêmico deveria enviar uma carta ao Governador do Estado do Paraná, informando-o deste prejuízo e não para o seu atual diretor, que infelizmente muito pouco pode fazer, a não ser protestar. Pois, este provável prejuízo será uma consequência das decisões do governador e dos deputados estaduais, e não dos professores e agentes universitários.
- Você poderia também informá-lo de que "isso também vai prejudicar, e muito, os professores e agentes educacionais e universitários de todas as escolas e universidades estaduais", pois nós teremos que, obrigatoriamente, REPOR TODOS OS DIAS PARADOS e cumprir com todos os conteúdos das disciplinas a nós atribuídas.
4 - Quanto à "eu temo o Cancelamento do ano letivo":
- O prezado acadêmico deveria estar temendo e preocupado para além da provável perda do seu ano letivo.
- Você deveria estar preocupado com o seu Estado do Paraná e com o seu PAÍS!
- Pois, um estado ou um país que não respeita, ou pior, que espanca, que atira balas de borracha, que usa bombas de efeito moral, que usa bombas de gás lacrimogênio, que usa spray de pimenta e jato d'água e pit bulls contra os seus professores, está fadado ao subdesenvolvimento, ao insucesso e a derrota frente aos países do chamado primeiro mundo. Exemplo disso é o Japão, cuja profissão de professor é muito valorizada, tanto pelas pessoas comuns quanto pelo próprio imperador.
- Quando chegaremos á este nível, se começamos pela incompreensão de parte dos nossos próprios acadêmicos?
- Portanto, o meu temor é pela degradação da educação, pela evasão dos professores e agentes universitários e pelas consequências inevitáveis das políticas adotadas pelos governos em relação a educação.
- Quero informá-lo que não existe cancelamento do Ano Letivo e, sim, Prorrogação do Calendário Acadêmico. Aliás, a decisão do COU em suspender o Calendário Acadêmico foi justamente para proteger os acadêmicos, os professores e os agentes universitários.
Finalmente, prezado acadêmico, a minha esperança é que esta sua indignação e temor não seja o sentimento dos demais acadêmicos, e que esta troca de e-mails sirva para melhor informar e conscientizar a você e a muitos outros, estudantes ou não, sobre as reais motivações e consequências desta GRAVE GREVE, que, tenho certeza, de que nenhum professor ou agente deseja.
Atenciosamente,
Prof. Carlos Alberto Lima da Silva, Me.
Prof. Carlos Alberto Lima da Silva, Me.
Diretor do Centro de Engenharias e Ciências Exatas - CECE
Portaria Nº 4197/2013-GRE
Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE
Campus - Foz do Iguaçu - PR - CNPJ 78680337/0004-27
Fundação Parque Tecnológico de ITAIPU - FPTI
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