Beto Richa consumiu os quatro anos de seu primeiro mandato sem conseguir fazer nada de importante para o nosso Estado. Tirando, é claro, a falência das contas públicas. Não há uma estrada, uma ponte, uma boa escola que o governador possa apresentar como marca de seu trabalho.
É verdade que percorreu todo o Paraná, gabando-se de ter visitado todos os municípios do Estado. E com a gastança que promoveu, inclusive em publicidade e cooptação de aliados de ocasião, conseguiu manter uma aura de governo atuante.
A gastança continuou durante o processo eleitoral e sustentou a grande aliança que o levou à reeleição. “O melhor está por vir” repetia Beto Richa diante das dúvidas e críticas ao desempenho medíocre de seu governo.
Antes mesmo de encerrar-se o ano de 2014, o governador, sem reconhecer claramente que havia quebrado o Paraná, promoveu o primeiro de seus pacotes, aumentando impostos, jogando sobre a população mais pobre e sobre as pequenas empresas a conta dos seus desmandos financeiros.
E no início de 2015, veio a segunda parte de um pacote malvado de ajustes, tentando destruir o plano de carreira dos professores, conquista de quase trinta anos de luta. A reação dos trabalhadores o obrigou a recuar, mas Richa voltou à carga com o principal ponto do seu projeto: apropriar-se dos recursos poupados pelos servidores no Fundo Previdenciário, para cobrir o rombo nas contas do Tesouro Estadual.
Acho até que, pela pressa e ansiedade em aprovar o projeto e considerando a repressão violenta, num massacre muito pior do que os professores haviam sofrido em 1988, já tenha o governador usado parte dos recursos.
Beto Richa irá responder perante a história e a sociedade paranaense por esses verdadeiros crimes. Foi chamado ao Senado da República, pela Comissão de Direitos Humanos, para junto com seu secretário de Segurança e comandante da PM, explicar e responder pelo que aconteceu no dia 29 de abril. Espero que tenha o mínimo de dignidade e compareça.
Aliás, já está respondendo, com o repúdio quase unânime de seus atos. Mas nesse momento, quero também perguntar: por quê? Que projeto para o Paraná tem o governador para acreditar que pode pisotear trabalhadores para executá-lo?
Não há projeto algum! Vamos continuar a ver a gastança perpetrada nos últimos quatro anos. O governador prometeu pequenas obras de interesse dos deputados. Agora, prepara reuniões com prefeitos para tentar rearticular as alianças em torno dessa política de varejo, beneficiando os amigos e aqueles que se submeterem.
Com certeza, a máquina de propaganda será reativada, gastando milhões para tentar recuperar a imagem do governador e convencer a população de que “o melhor está por vir”.
Nós vamos questionar juridicamente a aprovação desta lei pela Assembleia Legislativa do Paraná. Vamos defender com todas as nossas forças os direitos daqueles que sempre contribuíram para terem garantia de se aposentar.
Se não conseguirmos impedir a tempo esse desvio, pelo menos queremos que o governador responda pelo crime de improbidade administrativa e também por irresponsabilidade fiscal.
Não quero usar esse momento para uma disputa política partidária, como quer fazer crer o governador. O que não posso, e isso faz parte de minha história de vida, é ser condescendente com a violência, com a repressão e com a injustiça. Contra isso sempre me levantarei.
A falta de projeto para o nosso Estado nos levou a essa situação. Temos o desafio, como sociedade, de superá-la, não sem antes os responsáveis responderem pelo que fizeram e estão fazendo de mal ao Paraná.
*Gleisi Hoffmann é senadora da República pelo Paraná. Foi ministra-chefe da Casa Civil e diretora financeira da Itaipu Binacional. Escreve no Blog do Esmael às segundas-feiras.
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