De
acordo com informações publicadas na última sexta-feira no portal da Secretaria
do Tesouro Nacional (STN), o Paraná não comprovava a regularidade quanto à
aplicação mínima de recursos para a saúde e educação e quanto à publicação dos
relatórios de gestão fiscal e de execução orçamentária. Em março, o
recém-nomeado secretário da Casa Civil, Reinhold Stephanes, disse que esperava
resolver todas as pendências em 30 dias.
Entes
com problemas detectados no sistema ficam em situação comparável à de um
cidadão com “nome sujo” na praça. Tornam-se impedidos de firmar novos convênios
com a União, normalmente utilizados para investimentos como a construção de
estradas ou escolas. O cadastro também é levado em consideração para a
liberação de empréstimos em que a União atua como avalista.
Na
prática, o Cauc é um instrumento de defesa da burocracia federal. É comum enroscar-se
nele, mas quem capricha na prestação de contas logo consegue se livrar das
pendências. O governo catarinense, por exemplo, mantém há anos uma estrutura
permanente de acompanhamento do sistema, encarregada de resolver as pendências
assim que elas aparecem.
O
resultado é que, dos R$ 6,769 bilhões em empréstimos negociados pelo governo de
Santa Catarina desde 2011, R$ 2,603 (38%) já foram liberados. Já o Paraná tem
sofrido para conseguir cerca de R$ 3 bilhões. Há quem diga que é perseguição
política contra os paranaenses, governados pelo tucano Beto Richa. Será mesmo?
O
governador catarinense, Raimundo Colombo, foi eleito pelo DEM e depois migrou
para o PSD. Em entrevista à Gazeta do Povo em março, ele descreveu como alcançou
sucesso na liberação dos recursos. “Tem que botar a papelada embaixo do braço e
ir de lugar em lugar, de porta em porta. Não pode desanimar”, disse.
Trocando
em miúdos, a questão envolve menos lábia e mais suor para deixar a “papelada”
em ordem. Há uma semana, Richa pediu ajuda à bancada federal do Paraná para
conseguir destravar os pedidos de empréstimos para o estado. Está no seu papel
institucional de governador, mas no fundo está jogando com o jeitinho.
Enquanto
houver pendências formais, fica difícil de acreditar em uma solução política –
embora parlamentares do PT tenham se comprometido a agendar para as próximas
semanas uma reunião sobre o assunto com o secretário do Tesouro, Arno Augustin.
Seria
bem mais interessante que as gestões estadual e federal agissem com clareza em
relação a esses dados. Empréstimos públicos não podem ser tratados como algo
dessa ou daquela corrente política.
Brigar
com os números só fere o cidadão, que é quem sempre paga a conta no final.
Fonte: Gazeta do Povo
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