quarta-feira, 4 de junho de 2014

Pesquisa traça perfil dos jovens. Resultado ajudará a formatar políticas públicas

Auditório cheio para a apresentação da pesquisa, que aconteceu no mesmo evento do lançamento da campanha que incentiva denúncias de exploração sexual infantojuvenil na fronteira, nessa terça-feira (3).
  
Para sete de cada dez moradores de Foz do Iguaçu, entre 12 e 24 anos, nada assusta mais do que o tráfico de drogas e a violência. Este foi um dos indicadores revelados pela pesquisa “Análise do perfil de adolescentes e jovens na Tríplice Fronteira: Argentina-Brasil-Paraguai”, cujo resultado foi apresentado nesta terça-feira (3), no Cineteatro dos Barrageiros, na Itaipu Binacional.
   
O estudo foi realizado entre 2010 e 2013. Por meio dele, 3.045 estudantes de 12 a 24 anos da rede pública de Foz do Iguaçu, Puerto Iguazú e Ciudad del Este responderam a um questionário formatado para avaliar não apenas a violência na região, mas também fatores socioeconômicos, religiosos, familiares, educacionais e de lazer, esporte, cultura, trabalho, saúde sexual e políticas públicas.
   
A pesquisa foi desenvolvida pelos professores da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), Elis Palma Priotto e Oscar KenjiNihei, e teve o apoio da Itaipu, por meio do Programa de Proteção à Criança e ao Adolescente (PPCA). Os resultados serão publicados em um livro.
 

Elis Palma Priotto, uma das autoras da pesquisa.
  
“Nosso objetivo foi traçar um panorama da situação dos jovens e assim, contribuir para a formulação de políticas públicas mais efetivas, sobretudo na promoção da saúde e prevenção da violência”, defendeu Elis.
  
Para Eduardo Sosa, do Ministério da Infância e da Adolescência do Paraguai, o trabalho tem um valor muito importante porque aborda um problema que, embora todos saibam que existe, muitas vezes permanece oculto.
  
“Certos tipos de violência não são muito visíveis, como a exploração sexual e outras que ocorrem em torno do convívio familiar, cercando as crianças e adolescentes. São situações de invisibilidade, mas esta pesquisa está trazendo elementos importantes para desenvolver políticas públicas na linha de prevenção e com enfoque na comunidade”, disse Sosa

   

Segundo Joel de Lima, a pesquisa leva a ações que incentivam o protagonismo dos jovens.
  
Segundo Alberto Coto, cônsul do Brasil na Argentina, esses dados poderão proporcionar uma legislação semelhante nos três países, pois muitos dados são parecidos.
   
Dados preocupantes
   
No total, o questionário abrangeu 40 perguntas. Ele apontou, por exemplo, que 37% dos argentinos; 23% dos brasileiros 13% dos paraguaios já sofreram algum tipo de agressão física – na maioria das vezes, cometidas pelos pais e irmãos.
  
A pesquisa mostrou também que 38% dos jovens argentinos, 43% dos brasileiros e 8% dos paraguaios já utilizaram drogas pelo menos uma vez na vida. Nos três países, 80% dos entrevistados que afirmaram ter usado drogas tiveram experiência com o tabaco, seguido da maconha.
    
Sonhadores
   
A pesquisa revelou que mais de 80% dos jovens e adolescentes têm uma religião. E eles não têm problema em falar da adolescência. Pelo contrário, gostam de conversar com a família e amigos sobre o tema. No Brasil, 60% costumam falar sobre o assunto; na Argentina sobe para 70%, enquanto no Paraguai é pouco menos: 46%.
  
Os adolescentes que vivem na Tríplice Fronteira também são sonhadores e acreditam no respeito aos pais e familiares. Eles querem estudar e ter uma boa profissão, embora metade deles (50%) nunca tenha trabalhado. Entretanto, o que mais os assusta é a violência e as drogas.
  
Questionados sobre o que fazer para diminuir a violência e os crimes em seus bairros, os adolescentes dos três países sugeriram aumentar o policiamento e melhorar a orientação dos pais.
  
Para o assistente do diretor-geral brasileiro da Itaipu, Joel de Lima, essa pesquisa vai incentivar o protagonismo juvenil, pois eles sabem o que querem, tendo em vista que os dados demonstram que os jovens da tríplice fronteira estão interessados em ter um país melhor. “Mostrou que a redução da violência é uma preocupação nossa e também deles”, disse.


Fonte: JIE

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