Leia o artigo publicado pela Ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, no jornal "Folha de São Paulo".
As concessões em áreas de
infraestrutura que o governo federal está implementando, em especial aquelas em
portos, aeroportos, rodovias e ferrovias, são instrumentos fundamentais para
levar o Brasil um passo a frente em seu desenvolvimento econômico.
Essas ações enfrentam, de forma
corajosa, gargalos de logística que o setor produtivo e da imprensa não se
cansam de destacar.
Esses investimentos, que
representam a primeira fase do programa, vão proporcionar ao Brasil melhorar
sua competitividade em espaço curto de tempo, beneficiando a produção
brasileira.
Representam, também,
oportunidade para investidores nacionais e internacionais, construtores, para o
setor produtivo, empresas, fundos, operadores e bancos. São investimentos de
longo prazo, com previsão de boa rentabilidade, que pode ser ampliada pela
gestão eficiente do negócio.
Com regulamentação adequada e
estabilidade jurídica, o Estado está chamando a iniciativa privada para a
responsabilidade de financiamento do desenvolvimento.
Desde o PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento) em 2007, marco de retomada dos investimentos
públicos e do planejamento da infraestrutura nacional, não se vê um chamado
dessa grandeza.
Nesse ponto, quero dizer que
nossos críticos são cultos e competitivos na retórica, mas não apresentam um só
fato que possa justificar, de forma objetiva, as restrições que fazem ao
Programa de Investimento em Logística.
O programa é grande, ousado.
São mais de R$ 213 bilhões previstos para rodovias, ferrovias, portos e
aeroportos. Trata-se de um atraente portfólio de investimentos que inclui
concessões no setor de energia, petróleo e gás, com centenas de bilhões de
reais sendo investidos. O leilão de Libra está para confirmar.
No mundo dos negócios, não se
toma opções sem interesse. Sendo assim, quanto mais oportunidades são
oferecidas, mais vantagens são requeridas. Conviver com novas reivindicações e
críticas faz parte da rotina do governo. Afinal, depois de muito tempo sem
intervenções e projetos, estamos restabelecendo rumo e prioridades.
O que não se pode aceitar, por
não ser verdadeira, é a linha da argumentação equivocada, sem conexão com a
realidade, patrocinada por alguns setores, sobre suposto intervencionismo
estatal, conspiração contra o lucro das empresas, incapacidade para o diálogo e
insegurança em longo prazo, em função da presença do DNIT (Departamento
Nacional de Infraestrutura de Transportes) e da Valec (empresa pública de de
infraestrutura ferroviária) nos projetos.
Os projetos foram detalhados
com base na necessidade de escoamento da produção e nos conceitos mais modernos
de logística. Estamos aperfeiçoando as propostas com a participação dos
interessados em processo de consultas públicas e com o refinamento dos estudos.
Fazer adequações e mudanças faz
parte do processo. De qualquer processo. Mas muito mais daqueles construídos de
forma transparente.
Aqui, e na maioria dos países,
a autoridade pública tem de ser capaz de estruturar e de definir onde é que
está o interesse público para assegurar os benefícios da maioria, diminuindo os
desníveis entre as regiões e entre os grupos sociais.
Aliás, o processo de competição
só consegue fluir com êxito quando o Estado tem força. Força no seu compromisso
democrático, força no apego à lei e na capacidade de usar os instrumentos que
lhe permitam equilibrar os interesses de quem vai construir e explorar as
concessões e daqueles que usarão os serviços.
Não se trata de fortalecer o
Estado ou a iniciativa privada. Trata-se de reunir os esforços do Estado e da
iniciativa privada para que, juntos, possamos melhorar as condições de vida da
população. Acreditamos que é possível. Se não acreditássemos, não lançaríamos o
programa.
GLEISI HOFFMANN, 48, advogada, é ministra-chefe da Casa
Civil e senadora licenciada (PT-PR)
Nenhum comentário:
Postar um comentário