Mulher de Carlos Marighella e presidente da Associação Mulheres pela Paz (AMP) abrirá o Encontro Nacional “Mulheres e Homens Trabalhando pela Paz e Contra o Tráfico de Mulheres”, nesta quarta-feira (8), às 19h, no Hotel Bella Itália.
Aos 87 anos, a feminista Clara Charf virá a Foz do Iguaçu
para falar de sua militância política, luta iniciada por ela há mais de 40
anos, antes mesmo do assassinato pela ditadura militar de seu companheiro
Carlos Marighella, fundador e líder da Ação Libertadora Nacional (ALN).
Atual presidente da Associação Mulheres pela Paz (AMP), ela
abrirá o Encontro Nacional “Mulheres e Homens Trabalhando pela Paz e Contra o
Tráfico de Mulheres”, nesta quarta-feira (8), às 19h, no Hotel Bella Itália. O
evento é aberto ao público.
O encontro é organizado pela AMP, com o apoio da Itaipu
Binacional. A programação com oficinas será na quinta e sexta-feira (9 e 10),
no mesmo local da abertura.
Comunista histórica no País, a pernambucana Clara Charf
falará sobre Direitos Humanos e o papel da mulher. Militante política desde
1945, ela é a voz principal da AMP, organização sem fins lucrativos em prol da
igualdade de gênero. A comunista também foi uma das responsáveis pela defesa de
um coletivo de mulheres ao Prêmio Nobel da Paz, em 2005.
Em 2008, ela esteve em Itaipu, onde inaugurou o Espaço da
Paz no Ecomuseu e plantou uma muda de pitanga no local.
O encontro
Na novela Salve Jorge, o tráfico de mulheres é o ponto central da trama. Imagem: reprodução da TV Globo.
A ideia é promover oficinas entre representantes de
entidades ligadas à luta pelo direito das mulheres e representantes do poder público
para debater políticas públicas de prevenção e enfrentamento ao problema. E
combater o tráfico de mulheres que ocorre também de outros países para o
Brasil.
Segundo Criviam Paiva de Siqueira, da Assistência da
Diretoria Geral Brasileira da Itaipu e integrante do Conselho Municipal da
Mulher, os organizadores do encontro querem aproveitar o sucesso da novela
Salve Jorge, da Rede Globo, que explora o assunto, para manter o tema em
evidência.
“Esse é um trabalho de conscientização. Precisamos divulgar
este crime e saber como combatê-lo”, disse. “A divulgação do Disque-Denúncia
180 é uma arma importante nesse trabalho”, completou.
Foz do Iguaçu será a segunda cidade do País a sediar o
encontro da Associação de Mulheres pela Paz. O primeiro ocorreu em Florianópolis
(SC). Depois de Foz do Iguaçu, a oficina seguirá para outros estados
brasileiros. O foco são os locais com mais incidência de casos.
De acordo com a Polícia Federal, existem 241 rotas de
tráfico no Brasil; 131 delas internacionais. A fronteira do Brasil com o
Paraguai está na lista. A maior parte das mulheres traficadas são meninas
pobres e de baixa escolaridade, entre 17 e 25 anos.
Não existem estatísticas exatas, mas segundo a Organização
Mundial do Trabalho (OIT), o tráfico humano é considerado a terceira modalidade
criminosa mais lucrativa do mundo, ultrapassada apenas pelo tráfico de armas e
de drogas. O lucro anual chega a 31,6 bilhões de dólares.
Ações
O governo brasileiro vem trabalhando na defesa do direito
das mulheres, com a implantação da Lei Maria da Penha, considerada exemplo para
outros países, e com a criação da Coordenação Bipartite da Política Nacional de
Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, mas ainda há muito a ser feito nesse
campo.
De acordo com dados do Ministério da Justiça, em seis anos a
Polícia Federal instaurou 157 inquéritos e indiciou 381 aliciadores.
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