quarta-feira, 24 de abril de 2013

Encontro nacional em Foz vai discutir o tráfico de mulheres



Encontro no Centro Executivo, na segunda-feira (22), definiu os detalhes da programação da oficina.
   
O tráfico de mulheres é um crime de mão dupla; ocorre do Brasil para o exterior, mas também de fora para o interior do País. Depois de Florianópolis (SC), Foz do Iguaçu será a segunda cidade brasileira a sediar um encontro sobre o tema promovido pela Associação de Mulheres pela Paz. A discussão está marcada para os dias 8, 9 e 10 de maio, no Hotel Bella Itália.
    
A oficina “Mulheres e Homens Trabalhando pela Paz e Contra o Tráfico de Mulheres” vai reunir representantes de entidades ligadas à luta pelo direito das mulheres, como também da Polícia Federal, para debater políticas públicas de prevenção e enfrentamento ao problema. O encontro tem o apoio da Itaipu Binacional.
    
Um dos objetivos é mobilizar a sociedade contra esse tipo de crime, que movimenta milhões de dólares. Não existem estatísticas confiáveis, mas o tráfico de mulheres aparece entre os primeiros do ranking do crime organizado como um dos mais rentáveis, ao lado de contrabando de armas e drogas.
    
De acordo com a Polícia Federal, existem 241 rotas de tráfico no Brasil; 131 delas internacionais. A fronteira do Brasil com o Paraguai é uma delas. A maior parte das mulheres traficadas são meninas pobres, entre 17 e 25 anos. Muitas delas são atraídas por promessas falsas de emprego no exterior como modelos ou empregadas domésticas.
   
As palestras seguem por todo o Brasil. O cronograma inclui São Paulo, Rio Branco, Oiapoque, Natal e Cuiabá.  A Associação de Mulheres pela Paz quer aproveitar o sucesso da novela Salve Jorge, que explora o assunto, para manter o tema em evidência.
   
Os detalhes da programação em Foz do Iguaçu foram definidos na última segunda-feira (22), em uma reunião no Centro Executivo, com a participação de representantes de várias entidades. Entre elas, a Itaipu, o Movimento de Mulheres, a Universidade Federal de Integração Latino-Americana (Unila) e Polícia Federal.
   
Segundo Criviam Paiva de Siqueira, da Assistência da Diretoria Geral e integrante do Conselho Municipal da Mulher, esse é um trabalho de conscientização. A população não pode tolerar esse tipo de situação. “Precisamos divulgar aos quatro ventos a existência desse crime e as formas de combatê-lo. Somente uma sociedade informada defenderá os direitos humanos”, avalia.
  
Força da novela
  
Segundo o delegado da PF, Geraldo Gustaquio, embora a novela tenha vários “furos” no que diz respeito ao trabalho da polícia, tem ajudado a mostrar a sociedade que o tráfico humano existe e precisa ser combatido.
   
O governo brasileiro vem trabalhando na defesa do direito das mulheres, com a implantação da Lei Maria da Penha, considerada exemplo para outros países, e com a criação da Coordenação Bipartite da Política Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, mas ainda há muito a ser feito nesse campo.
   
Para Vera Vieira, da Associação Mulheres pela Paz, um dos desafios é mobilizar a sociedade para tornar mais severa a punição para esse tipo de crime. Outro é garantir mais Delegacias da Mulher no Brasil. Atualmente, há 400 unidades,  o que cobre apenas 10% dos 5.565 municípios.  A divulgação do Disque-Denúncia 180 é uma arma importante nesse trabalho.
   
Segundo dados do Ministério da Justiça, em seis anos a Polícia Federal instaurou 157 inquéritos e indiciou 381 aliciadores.
  
Florianópolis
  
Pelo menos 75 mil brasileiras são vítimas do tráfico de mulheres. Mas também existe o tráfico de mulheres estrangeiras para se prostituírem no país. Em outubro do ano passado, por exemplo, 28 mulheres paraguaias foram libertadas do trabalho escravo nas cidades de Imbituba e Laguna. Entre 2007 e 2008, sete pessoas foram presas suspeitas de tráfico de mulheres procedentes da Argentina para prostituição em boates em Rio do Sul, no Alto Vale do Itajaí. Todos esses casos foram discutidos no encontro em Florianópolis.

Fonte: JIE

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