Nesta semana, o IBGE confirmou que o Paraná retomou a posição de liderança na produção nacional de grãos. São 31 milhões de toneladas na safra 2010/2011. Mais do que espetacular, é sempre bom lembrar que o Estado, com apenas 2,3% do território nacional, participa com 20% na produção e já chegou a representar 25% na última década.
A performance paranaense exemplifica o ótimo momento da agropecuária brasileira. Nos últimos anos, o setor contribui, e muito, com o desenvolvimento, com a geração de empregos e com o crescimento da economia do país.
É a atividade que mais cresceu nos últimos dez anos. A média do PIB (Produto Interno Bruto) do setor aponta um crescimento anual de 3,67%, enquanto o PIB geral do país mostra avanço de 3,59% (média por ano). Em 2010, o PIB brasileiro totalizou R$ 3,7 trilhões, e o PIB da agropecuária, R$ 180,8 bilhões.
Esse desempenho é resultado do empenho e do esforço dos produtores, somados às grandes mudanças da última década no setor. Entre elas, notadamente, o aumento do crédito rural. Foram mais de R$ 270 bilhões entre 2003 e 2010.
O governo federal, atento às mudanças, aumentou ainda mais o volume de recursos ao crédito para acompanhar o crescimento da produção. Nesta safra, os produtores rurais têm R$ 100 bilhões em crédito para custeio e investimentos. A agricultura familiar tem R$ 16 bilhões. Na safra passada, o total do crédito agrícola foi de R$ 107,5 bilhões.
Além do crédito, as mudanças vieram com a modernização do parque de máquinas e com a inserção brasileira no mercado internacional. O país se fortaleceu no comércio de produtos em que antes não tinha tradição, como o de carnes e sucos, entre outros. No setor, as exportações brasileiras chegam hoje em 215 países.
Todas as medidas e ações, das empresas e do setor público, potencializaram o agronegócio brasileiro, que fechou 2010 com superávit superior a U$ 60 bilhões. O setor é responsável por quase metade das exportações brasileiras, que totalizaram US$ 72 bilhões, enquanto as importações foram de US$ 12 bilhões.
No entanto, há gargalos consideráveis que precisam ser enfrentados para baixar os custos de produção e tornar o produto brasileiro mais competitivo no mercado internacional. É preciso investimentos significativos em logística, armazenamento, nas estradas rurais, nas rodovias e em novos modais no transporte de safras, substituindo, por exemplo, o transporte rodoviário por ferrovias, portos e aeroportos.
Na outra ponta se faz necessário, além do crédito e de incentivos, dotar os pequenos e médios produtores de informação, tecnologia e assistência técnica. São ações que vão assegurar à agricultura familiar atributos e
qualidades empresariais, evitando que ela degenere numa agricultura de subsistência.
Há bons exemplos nos municípios brasileiros. Em Cruzeiro do Oeste, no Noroeste do Paraná, o programa Terra Fértil subsidia a produção, reduz custos, aumenta a produtividade, aumenta a renda e o emprego no campo. A doação de mudas, a distribuição de calcário e adubo, a adequação das estradas rurais, a mecanização agrícola trazem resultados significativos e de excelência nas pequenas e médias propriedades.
Com investimentos em vários níveis nas duas pontas da produção – do pequeno ao grande produtor –, o país vai resolver seus gargalos e se tornar, como prevê a FAO, o maior produtor de alimentos do mundo. A produção agrícola brasileira aumentará 40% até 2019 – crescimento superior ao da Rússia, Ucrânia, China e Índia, que devem registrar percentual médio superior a 20% no mesmo período.
É esse o desafio que se apresenta nesta década.
* Zeca Dirceu, 32 anos, é deputado federal pelo PT do Paraná
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