terça-feira, 7 de outubro de 2014

Apoio de Marina a Aécio será pouco relevante

Jornal GGN - Em entrevista ao Estadão, o cientista político e professor da FGV, Francisco Fonseca, também colunista da Carta Maior, avaliou que mesmo que Marina Silva (PSB) dê apoio oficial a Aécio Neves (PSDB) no segundo turno contra Dilma Rousseff (PT), a transferência de votos de ser baixa. Segundo ele, isso já aconteceu em outras ocasiões e com líderes diferentes e, no caso específico de Marina, os 21 milhões de votos que ela obteve devem se dividir em função da linha mais à esquerda que boa parte de seus seguidores possuem.
“Marina não é do PSB, que é um partido mais à esquerda. Boa parte dos militantes da sua Rede Sustentabilidade também são mais próximos da esquerda do que de outros grupos. A proximidade do PSB com o PT é um fato histórico. Não vou dizer que esses votarão majoritariamente em Dilma. Imagino mais uma dispersão do tipo 60% para um, 40% para outro. Se Dilma obteve 41,5% e Marina 21,3% no primeiro turno, basta um terço, pouca coisa mais, de adesão dos marinistas para Dilma chegar à maioria absoluta”, disse.
Assim, na visão de Fonseca, a presidente Dilma caminha um pouco mais tranquila que Aécio no início dessa segunda fase, embora a polarização PT-PSDB e o crescimento do sentimento anti-petista possam desestabilizar a disputa deste ano ligeiramente em benefício de Aécio.
Para Fonseca, o PT é hoje vítima do próprio desenvolvimento que causou no país. Os fatores que corroboram com essa situação é a parcialidade da mídia, que cotidianamente ajuda na campanha anti-PT e na desinformação dos eleitores sobre os feitos do governo Dilma e Lula.
“Acho que o Brasil vem passando por transformações em suas placas tectônicas, na mobilidade social. O governo Lula tirou uma grande quantidade de gente da miséria, criou-se um mercado de consumo novo, formado por esses grupos em ascensão, o crédito ficou fácil. Isso gera uma estranheza entre os grupos de maior renda, que sentem seus espaços invadidos e reagem com esse voto contra o PT", disse ele.
E completou: “Aí entra outro fator: essas novas classes médias são conservadoras. Grande parte delas entende que subiu por méritos próprios, não por políticas macroeconômicas, pelo crédito fácil, etc. É gente que diz “eu não sou pobre”. E um terceiro fator do antipetismo, me parece, é o predomínio de uma mídia que tem lado nessa disputa - e que atua contra o PT.”

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