terça-feira, 2 de novembro de 2010

500 anos esta noite, por Pedro Terra

Uma nova era inicia-se no Brasil. Dilma Rousseff, a primeira mulher presidente do país, demonstra sua garra e determinação logo nas primeiras horas após o fim das eleições.

Ela começa agora a definir sua equipe de governo. Grupo de profissionais que estarão ao seu lado na luta para erradicar a pobreza e tranformar o Brasil em um país desenvolvido.

Desde domingo, todos os noticiários, rádios e sites têm como pauta principal a vida e a trajetória de Dilma Rousseff. 

Além da vitória, um outro motivo. Usando um ditado do presidente Luíz Inácio Lula da Silva: "Nunca na história deste país uma mulher havia sido presidente do Brasil".  

Neste feriado, uma poesia pode revelar quem verdadeiramente é está mulher.






500 ANOS ESTA NOITE
 
POR: PEDRO TERRA
 
De onde vem essa mulher
que bate à nossa porta 500 anos depois?
Reconheço esse rosto estampado
em pano e bandeiras e lhes digo:
vem da madrugada que acendemos
no coração da noite.
 
De onde vem essa mulher
que bate às portas do país dos patriarcas
em nome dos que estavam famintos
e agora têm pão e trabalho?

Reconheço esse rosto e lhes digo:
vem dos rios subterrâneos da esperança,
que fecundaram o trigo e fermentaram o pão.

De onde vem essa mulher
que apedrejam, mas não se detém,
protegida pelas mãos aflitas dos pobres
que invadiram os espaços de mando?
Reconheço esse rosto e lhes digo:
vem do lado esquerdo do peito.
Por minha boca de clamores e silêncios
ecoe a voz da geração insubmissa
para contar sob sol da praça
aos que nasceram e aos que nascerão
de onde vem essa mulher.

Que rosto tem, que sonhos traz?
Não me falte agora a palavra que retive
ou que iludiu a fúria dos carrascos
durante o tempo sombrio
que nos coube combater.

Filha do espanto e da indignação,
filha da liberdade e da coragem,
recortado o rosto e o riso como centelha:
metal e flor, madeira e memória.

No continente de esporas de prata e rebenque,
o sonho dissolve a treva espessa,
recolhe os cambaus, a brutalidade, o pelourinho,
afasta a força que sufoca e silencia
séculos de alcova, estupro e tirania
e lança luz sobre o rosto dessa mulher
que bate às portas do nosso coração.

As mãos do metalúrgico,
as mãos da multidão inumerável
moldaram na doçura do barro
e no metal oculto dos sonhos
a vontade e a têmpera
para disputar o país.
Dilma se aparta da luz
que esculpiu seu rosto
ante os olhos da multidão
para disputar o país,
para governar o país.

VIVA O POVO BRASILEIRO.....

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