segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Jorge Samek: "Dilma é a melhor opção para Foz"

"Dilma é a melhor opção para Foz do Iguaçu, para o Paraná e o Brasil", garantiu Jorge Samek em uma entrevista ao Jornal “O Iguassu”.
Leia a matéria na íntegra

Faltando duas semanas para o dia da votação do Segundo Turno da eleição presidencial, o iguaçuense Jorge Miguel Samek, diretor-geral brasileiro de Itaipu Binacional, fala com exclusividade a O IGUASSU sobre a experiência de comandar a maior hidrelétrica do mundo em geração de energia, a importância da usina para o país e a região, sobre o futuro de Foz do Iguaçu e do seu relacionamento com a presidenciável Dilma Rousseff, com quem trabalhou no governo federal.

"Dilma é uma mulher extraordinária. Para mim, foi um privilégio trabalhar com ela. Até então, eu jamais tinha trabalhado com alguém tão eficiente do ponto de vista gerencial", atesta Samek.


O IGUASSU: Diga-nos um pouco sobre "Jorge Samek", e a sua relação com Foz do Iguaçu?
Samek: Nasci em Foz do Iguaçu, me criei em Foz. Meus quatro avós são pioneiros, vieram da Europa em tempos de fome, de crise profunda, de guerra, e foram acolhidos por
Foz do Iguaçu, essa cidade que recebe da melhor forma possível todos que aqui chegam. Cultivo muito o sentimento de gratidão. Então, quando tive essa oportunidade de dirigir uma empresa como Itaipu, procurei retribuir fazendo a minha parte para construir uma cidade, uma região, uma fronteira cada vez melhor.

O IGUASSU: O sr. concorda com a afirmação de que foi em sua gestão que a Itaipu se integrou total e definitivamente com o dia-a-dia da de Foz, a ponto de acabar com o conceito separatista de "Turma da Vila e Turma da Cidade"? 
Samek: Cada tempo é um tempo. Imagine se o general Costa Cavalcanti, que tinha por obrigação fazer o barramento do rio e construir a usina, poderia por um minuto pensar em turismo ou em programas sociais. Impossível, era outro tempo. Na sequência veio o ex governador Ney Braga, época em que começaram a funcionar as unidades com um cenário de crise, em que o Brasil tinha parado de crescer. Ele fez um trabalho extraordinário, mas voltado àquele tempo. Meu antecessor, Dr. Scalco,fez uma bela gestão e nos entregoua empresa muito bem, com situações do passado renegociadas, então isso permitiu que fizéssemos esses avanços dos últimos sete anos. Eu peguei uma empresa que já vinha num processo permanente de melhorias. Nesse novo tempo, foi possível  concluir as duas últimas unidades geradoras, fechando o ciclo de geração de energia, e tivemos condições de pegar a massa pensante de Itaipu para tornar a empresa um motor de desenvolvimento, criar o Parque Tecnológico, fazer uma série de parcerias, expandir a área de atuação ambiental para toda a bacia, entre outras conquistas.

ROYALTIES
O IGUASSU: O sucesso da política econômica de Lula e alguns fatores externos fazem com que o dólar tenha cotação muito baixa nos últimos anos e esse cenário impacta diretamente em Itaipu e na diminuição dos recursos dos royalties que são transformados do dólar para o real quando repassados a Foz e outros municípios. Não é possível algum tipo de recuperação do equilíbrio financeiro?

Samek: Definitivamente não, a chance é zero. Quando o Real estava desvalorizado, ninguém veio pedir para renegociar. No médio e longo prazo, é isso. E depois de Itaipu passamos a ter uma lei em todo o Brasil para o pagamento de royalties por áreas alagadas, que vale para todas as usinas do país. Por essa lei, os valores pagos a título de royalties são inferiores aos praticados por Itaipu. Foz do Iguaçu, especificamente, além dos royalties, recebe também uma cota-parte de ICMS e temos ainda os diferentes programas sociais que desenvolvemos na região. Temos também o Hospital Costa Cavalcanti, o PTI, o apoio à Unioeste e parcerias com diversas outras instituições que beneficiam todo o conjunto da população, sendo uma grande contribuição de Itaipu.
Portanto, não acredito, francamente, que qualquer tentativa de modificação do Tratado no
Congresso Nacional surta algum efeito, até porque os municípios que são lindeiros aos lenheiros reclamam que não recebem os royalties e aí temos um problemão. Se esses municípios que fazem vizinhança com os lindeiros e foram preteridos aproveitarem essa oportunidade para reivindicar  os royalties, haverá uma tentativa de desmontar uma engenharia muito bem constituída que justamente compensou situações como a de Santa Helena, que teve quase metade de seu território alagado, dentro de um processo muito dolorido.
Sou absolutamente contrário a abrirmos uma revisão dos royalties. Certamente a nossa região e o Paraná irão perder com isso.

O IGUASSU: Há alguma possibilidade de negociação para que os royalties recebidos por Foz do Iguaçu possam ter seu prazo estendido?

Samek: Em primeiro lugar gostaria de destacar a qualidade dos prefeitos dos municípios lindeiros. Temos nos reunido periodicamente para fazer exatamente essa discussão e temos a convicção de que o Paraná não abrirá mão dos royalties pós-2023. O fato é que uma indústria de produzir energia, que se chama Itaipu, foi construída e demanda uma área de 135 mil hectares para estocar água. Ao usarmos esta área, estamos impedindo que esses municípios produzam milho, gado, suínos, que instalem um parque industrial ou uma universidade neste local.
É inegável que o Paraná e estes municípios em especial, com destaque para Foz do Iguaçu, perderam terras para ajudar no desenvolvimento do país. E isso não cessa em 2023. Portanto, estamos trabalhando no sentido de manter o repasse dos royalties no período pós-2023.

ELEIÇÕES - Foz 2010

O IGUASSU: Ao que o Sr. atribui os péssimos resultados das urnas para Foz, no que tange ao pleito para deputados federal e estadual, notadamente quanto a perda de representatividade do município em Brasília e em Curitiba à partir de 2011?
Samek: Foz do Iguaçu tem uma característica. Poucas cidades do Brasil têm tantos candidatos quanto Foz. Até porque é uma cidade relativamente nova e cosmopolita.
É muita gente que veio de outras regiões do Paraná e do Brasil e que só agora efetivamente
está constituindo um processo que podemos ver consolidado em outros municípios como Matelândia, para pegar um exemplo da nossa região, onde boa parte da população se conhece.
Foz teve um crescimento muito rápido e isso fez com que se estabelecessem várias lideranças, o que por um lado é bom, mas estamos saindo de uma eleição que teve mais de 20 candidatos da cidade entre estaduais e federais. Quando ocorre essa pulverização numa disputa proporcional, a possibilidade de não obter êxito é muito grande. Outra dificuldade para nós é a fronteira, que limita a busca por votos na região. Meu diagnóstico é que tínhamos excelentes candidatos, mas em excesso. Não foi possível uma concertação, até porque isso não é fácil tendo em vista que toda e qualquer candidatura é legítima. Houve, é verdade, tentativas nessa direção, promovidas pela Associação Comercial, por emissoras de rádio, mas não foi possível conquistarmos uma representatividade política maior. Agora, esse processo precisa ser estudado para que, nas próximas eleições, possamos constituir uma mesa de negociação com mais antecedência e isso não acabe prejudicando a cidade.

ELEIÇÕES - Paraná 2010

O IGUASSU: O que faltou na campanha de Osmar Dias para que ele fosse eleito governador do estado? O tempo que levou para confirmar sua candidatura atrapalhou significativamente? 
Samek: A eleição aqui na região Oeste, comparativamente com outras regiões do Estado, foi bastante positiva tanto para o Osmar quanto para a Dilma. Se dependesse de Foz, o Osmar estaria eleito, a despeito de concorrer contra um candidato muito qualificado, que foi prefeito da capital e vem de uma família tradicional na política. Seu pai, José Richa, foi um homem que deixou marcas na administração pública paranaense, a quem todos admiravam, e a gestão à frente de Curitiba, uma cidade que dá muita visibilidade, o tornou um candidato fortíssimo.

O IGUASSU: Gleisi Hoffmann eleita senadora com mais votos que o governador Beto Richa credencia o PT a ter candidatura própria com reais chances de vitória ao governo do Paraná em 2014?  
Samek: Conheço demais a Gleisi. Ela trabalhou comigo na Câmara Municipal de Curitiba antes de ir para Brasília. Quando o presidente Lula nos escolheu para dirigir Itaipu, ela estava credenciada para ocupar  um alto cargo no Ministério da Fazenda. É uma excelente pessoa que tem um grande carinho e gratidão por Foz. Ela deixou sua marca aqui no tempo em que passou por Itaipu. Todo o trabalho social que desenvolvemos desde 2003 tem a impressão digital da Gleisi. E tê-la em Brasília é motivo de muita alegria para nós.
O caminho está aberto para ela se destacar no Congresso e posso assegurar que o Paraná
terá muito orgulho do mandato dela. E, a partir daí, se abrem muitas possibilidades pela frente, mas 2014 está muito longe para especulações.

Dilma e Eleições 2010

O IGUASSU: Como se poderia avaliar suas relações de trabalho e de relacionamento amistoso com Dilma?
Samek: Dilma é uma mulher extraordinária. Para mim, foi um privilégio trabalhar com ela. Até então, eu jamais tinha trabalhado com alguém tão eficiente do ponto de vista gerencial. Tive o privilégio de, nos primeiros dois anos da nossa gestão, ter a Dilma como ministra de Minas e Energia. Nós vínhamos num processo de tentativa de deterioração da Eletrobras. Boa parte das empresas do sistema estava sendo privatizada, inclusive duas usinas da Eletrosul no Rio Iguaçu, que foram vendidas a preço de banana podre. E quando entro em Itaipu, que estava fora desse processo por ser uma empresa binacional, a Dilma assume o Ministério logo depois do apagão e do racionamento de energia provocado por falta de investimentos e de uma visão de médio e longo prazo.
Ela, em um ano e oito meses, conseguiu formatar um novo modelo energético que foi o grande responsável pela retomada dos investimentos no setor de energia. O Brasil de novo ganhou respeitabilidade nessa área e os empreendedores passaram a investir e acreditar na seriedade da Eletrobras.
Realmente me sinto privilegiado de ter trabalhado com ela. Até então, eu jamais tinha trabalhado com alguém tão eficiente do ponto de vista gerencial. Ela cobrava tarefas, dava metas, monitorava semanalmente a implantação das últimas duas unidades geradoras de Itaipu e o resultado está aí, a Petrobrás entre as maiores empresas do mundo.
Eu asseguro que a Dilma é uma mulher extraordinária e, independentemente de sexo, o maior executivo com quem eu já trabalhei.

O IGUASSU: Dilma é a melhor opção para Foz do Iguaçu nesta eleição presidencial?
Samek: Não só para Foz do Iguaçu, mas para o Paraná e o Brasil. Com ela, vamos continuar avançando nas conquistas sociais e da economia. O governo do presidente Lula vai entrar para a história como o governo da inclusão social, que enfrentou e reduziu a pobreza, o governo do crescimento econômico, que voltou a investir em grandes obras de infraestrutura, o governo que recuperou a soberania e conquistou o respeito internacional que tanto merecíamos, ela dará continuidade nisso.
No caso de Foz do Iguaçu e região, a eleição da Dilma nos dará oportunidade de continuar e fortalecer essa parceria que construímos entre Itaipu e as prefeituras, cooperativas, produtores rurais, empresários e a comunidade.
Dilma é a certeza de que os cuidados com o meio ambiente que desenvolvemos com o programa Cultivando Água Boa serão mantidos, que a promoção do turismo vai continuar, por meio dessa gestão integrada entre poder público e o trade turístico, é a certeza que o projeto da nossa Unila vai sair do papel, que o nosso Parque Tecnológico Itaipu vai seguir gerando oportunidades, é a certeza que o projeto de desenvolvimento do Veículo Elétrico não vai ser interrompido, que o programa Saúde da Fronteira e os programas de proteção à criança e ao adolescente terão prosseguimento.

FUTURO

O IGUASSU: Jorge Samek aceitaria disputar uma eleição como candidato a prefeito de Foz
do Iguaçu em 2012?

Samek: Duvido que tenha qualquer cidadão que não queira contribuir com a sua cidade. Eu tenho dado a minha contribuição à frente de Itaipu, mas o que nós precisamos é elaborar um grande projeto para Foz do Iguaçu. Temos de trazer todo o setor público, privado, vereadores, associação comercial, igrejas, movimentos populares, maçonaria, para saber o que queremos efetivamente para a cidade, para tirarmos o melhor produto dessas potencialidade que Foz tem, uma cidade tão bem localizada com tantas belezas naturais.
Depois, o nome que estará à frente desse processo, entre tantas pessoas qualificadas, é uma consequência. Vejo que estamos num bom caminho para formatar esse processo. E não tenho dúvidas de que o futuro reserva um grande destino para Foz do Iguaçu.

2 comentários:

  1. Concordo plenamente.

    Att,
    Paola Fortunato

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  2. Só nao concordo que a companheira guerilheira seja a melor opção para o Brasil.O PT fez um grande governo, porém esta na hora de deixar a situação e voltar a ser oposição. Que isso infelizmente implica uma mudança nas esferas e isso inclui o cargo do Samek é fato. Porém o candidato mais preparado para presidencia da republica é Jose Serra.

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