sexta-feira, 10 de setembro de 2010

ViraVida vai dar chance real do 1º emprego a adolescentes em situação de risco


Compromisso firmado: Edson Campagnolo, vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Jorge Samek e Jair Meneguelli.

Na mesa, também estavam presentes o prefeito Paulo MacDonald e Telma de Oliveira, secretária estadual da Criança.


Jovens e adolescentes vulneráveis ao tráfico de drogas e vítimas de exploração sexual e violência doméstica na região da fronteira do Brasil com o Paraguai e Argentina serão o público-alvo da primeira ação concreta do ViraVida, em Foz do Iguaçu. O projeto, uma parceria de Itaipu e Sesi, foi lançado nesta sexta-feira pela manhã, no Refúgio Biológico Bela Vista.


Inicialmente, 100 jovens, com idade entre 16 e 22 anos - serão beneficiados. Depois de passar por cursos de capacitação do Sesi, eles ganharão a chance real do primeiro emprego. É aí que entra o papel de Itaipu como mediadora do processo.

Jovem entre carros nas ruas de Foz do Iguaçu: público-alvo do projeto ViraVira.


A empresa se compromete a exigir de seus fornecedores e prestadoras de serviço a contratação dos jovens capacitados em seus quadros funcionais. O convênio foi feito com o Sesi por meio do Programa de Proteção à Criança e ao Adolescente da Itaipu.

A solenidade reuniu agora pela manhã, no Refúgio Biológico Bela Vista, cerca de 120 pessoas ligadas à rede de atendimento à crianças e adolescentes de Foz do Iguaçu, ao trade turístico local, às empresas prestadoras de serviço de Itaipu e da prefeitura, e entidades patrocinadoras do projeto, criado e mantido pelo Conselho Nacional do Serviço Social da Indústria (Sesi).

O evento reuniu cerca de 120 pessoas no Refúgio Biológico Bela Vista.

Samek: orgulho em participar de uma proposta "com começo, meio e fim".

"A Rede de Proteção de Foz tem feito muito pela criança e adolescente, mas faltava um programa como esse, com começo, meio e fim. E participar de uma proposta como essa nos enche de orgulho", disse o diretor-geral brasileiro, Jorge Samek, durante o evento. Na ocasião, o DGB assinou o termo de adesão de Itaipu ao ViraVida, que oficializou o compromisso da empresa como mediadora do programa.


Não existem dados atuais de quantos jovens vivem em situação de risco na fronteira. O último relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) apontava pouco mais de três mil crianças e adolescentes na faixa entre Brasil, Paraguai e Argentina. Embora muitos tenham sido encaminhados e atendidos por projetos sociais, sem escolaridade, baixa renda e imputabilidade penal, muitos se tornam alvos fáceis da atuação do crime organizado, como tráfico e contrabando.


Há seis meses, uma entidade que prefere não ter o nome identificado, está fazendo um rastreamento em Foz do Iguaçu para apurar os bairros com incidência de crianças e adolescentes em situação de risco. Em Três Lagoas, a situação foi identificada como a mais grave, mas o estudo ainda não é conclusivo.

Jovens terão cursos de capacitação e ganharão a chance real de conquistar o primeiro emprego.

Como é o projeto

Para evitar a evasão durante o período dos cursos, que terão nove meses de duração, em média, os jovens que participarem do projeto ViraVida receberão uma ajuda de custo de R$ 500, dos quais R$ 100 serão depositados numa poupança. Os participantes poderão fazer o resgate do dinheiro ao final do curso. O treinamento inclui atendimentos psicossocial, odontológico, médico, e reforço escolar.


Como esses jovens serão escolhidos? A pré-seleção será feita pela Rede Proteger, que reúne 30 entidades e organizações de assistência social de Foz do Iguaçu. A instituição encaminhará os jovens para o processo seletivo no Sesi. A Secretaria Estadual da Criança e do Adolescente também ajudará nessa triagem, segundo a secretária da pasta, Thelma Alves de Oliveira, que esteve na assinatura do termo.


Também será por meio da rede de atendimento que o Sesi identificará os cursos adequados à realidade do jovens iguaçuenses. Em média, eles terão 700 horas/aula. Criado pelo Conselho Nacional do Serviço Social da Indústria (Sesi) para atender adolescentes em situação de risco, o ViraVida prevê a capacitação de jovens e adolescentes e sua inserção imediata no mercado de trabalho.

Como surgiu o ViraVida

Jair Meneguelli, criador do projeto: meta é capacitar, no Brasil, 2,7 mil adolescentes por ano.

Atualmente, o projeto ViraVida beneficia mais de 900 jovens em todo o Brasil. Está presente em pelo menos 12 cidades brasileiras, mas a expectativa do presidente do Conselho Nacional do Sesi, Jair Meneguelli, criador do projeto, é chegar aos 27 estados brasileiros. "Não queremos fazer algo astronômico. Mas capacitaremos em média 2,7 mil adolescentes por ano", afirmou.

Ele teve a ideia do projeto há dois anos, durante uma viagem de férias. Sentados em uma barraca, às 11h de uma quarta-feira, na Praia do Futuro, em Fortaleza, Meneguelli e a esposa, Edna, observaram um grupo de italianos alvoroçados e conversando com algumas mulheres, depois identificadas como agenciadoras.

Como se estivessem "pedindo uma água de coco", os turistas estrangeiros escolhiam a cor e a idade das jovens cearenses. Poucos minutos depois, as agenciadoras "entregavam" as meninas. "Aquela cena me revoltou. Paguei a minha cerveja e fui embora", disse.

Nas ruas, jovens e adolescentes são vulneráveis ao tráfico e à exploração sexual.


Entretanto, o problema não era apenas a ação em si, mas tudo que estava envolvido: agências de turismo, donos de restaurantes e bares, polícias etc. "As pessoas agiam com a maior naturalidade. Não são minhas filhas mesmo. Apenas queriam levar vantagem", observou.

Revoltado com a cena presenciada em Fortaleza, após as férias, Meneguelli apresentou ao Sesi a proposta de oferecer aos jovens em situação de vulnerabilidade social uma oportunidade: cursos profissionalizantes. "Não queríamos inventar a roda. Buscamos as redes de enfrentamento e pedimos apoio para indicar os adolescentes e depois, coloca-los no mercado de trabalho", explicou.

Fonte: JIE

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