terça-feira, 31 de agosto de 2010

Arte contra a exploração infantil: grafite no viaduto transforma paisagem e atitudes

Beleza a olhos vistos: quem passa pelo viaduto já percebe o "recado".

Quem costuma passar apressado pelas proximidades do viaduto entre as avenidas JK e Tancredo Neves, em Foz do Iguaçu, começou a diminuir o ritmo nos últimos dias. O passo mais lento segue o compasso da curiosidade sobre a arte que, aos poucos, cobre o paredão do principal acesso de Foz do Iguaçu à Ponte da Amizade, na fronteira do Brasil com o Paraguai.

Aos poucos, o trabalho dos grafiteiros toma forma definitiva.


Onde antes só havia o concreto frio, um arco-íris de cores leva à parede fria uma arte cheia de “gentileza”. A tela gigante de grafitagem – um total de 3.500 metros de extensão, a maior do mundo do gênero – não está mudando apenas o cenário local, mas também a auto-estima da população da região. Entusiasmados com a mudança da paisagem, comerciantes e empresários da vizinhança já estão planejando mudar as fachadas das lojas e dar uma nova cara aos estabelecimentos.

"Vamos aproveitar essa oportunidade e melhorar o visual do nosso bairro comercial”, diz Ariel de Souza.


“Todo mundo que passa pelo viaduto, olha para os desenhos grafitados e acaba vendo também as nossas lojas. Vamos ter que aproveitar essa oportunidade e melhorar o visual do nosso bairro comercial”, comenta Ariel de Souza, dono de uma loja de pneus. Segundo ele, todos ganham com a obra. “Antes, a impressão era de abandono; a pintura estava desbotada, a grama estava alta e, os meio-fios, sujos. E ainda tinha gente que usava o local como banheiro público”, critica.

Transformação

O direito de brincar, à educação, à leitura, à identidade e à água são os temas trabalhados.


Mas agora a situação é bem diferente. Em pouco mais de uma semana, conta Ariel, “o espaço foi transformado. Além de transmitir mensagens lúdicas, alegres e, ao mesmo tempo, tranquilas e positivas, o lugar ficou limpo”. Ele acredita que o local vai se transformar em pouco tempo em um novo ponto turístico de Foz.

Animada com a transformação, Rose Pilar proprietária de uma loja de baterias, diz que vai ser guardiã do marco. “Vamos tomar todos os cuidados para que vândalos não destruam esta bela obra de arte”.

Quem passa também quer participar

"Vamos tomar todos os cuidados para que vândalos não destruam esta bela obra de arte", diz Rose.


Oficialmente, a pintura está sob a responsabilidade de quatro grafiteiros profissionais e de outros quatro ajudantes, mas diariamente o número de artistas chega a triplicar. Na última segunda-feira, mais de 20 voluntários trabalhavam no telão. Jovens, adultos e até idosos que trafegam pelo local se dispoem também a participar. Enquanto aqueles com "tino" à arte arriscam a pegar no pincel ou na lata de spray, outros são voluntários para carregar as latas de tinta. "Terminar esta obra na data prevista é uma questão de honra. Então, toda a colaboração é bem vinda", agradecem os artistas.

Legado


Para Alexandre Bogler, o grande legado da pintura é a importância da grafitagem como arte.

Alexandre Bogler, de 13 anos, é um dos principais voluntários. Amante da dança e do teatro, passa toda as manhãs grafitando, pintando ou simplesmente servindo água e lanche aos artistas. "Estou adorando a experiência e aprendendo uma profissão", conta. O grande legado é a importância da grafitagem como arte. Para Alexandre, o grafite não é coisa de quem não tem o que fazer. "É bem diferente de pichadores. Não são pessoas do mal, são artistas", diz o garoto.

Parceria

A revitalização do viaduto é produto de uma parceria da Itaipu com a Sanepar, Prefeitura de Foz do Iguaçu, Sesc, Concessionária Eco-Cataratas e Cia. de Teatro Amadeus.

Fonte: JIE

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