quinta-feira, 4 de março de 2010

Raio X: pesquisa traçará perfil dos jovens da Tríplice Fronteira

Até o segundo semestre de 2011, um estudo traçará o perfil dos jovens e adolescentes – entre 12 e 24 anos – da Tríplice Fronteira. A pesquisa científica, coordenada pelos professores da Unioeste Elis Palma Priotto e Oscar Kenji Nihei, está sendo aplicada pelos acadêmicos de enfermagem da instituição.


Quem são, como vivem e quais são os anseios dos jovens da tríplice fronteira?

É que quer saber a pesquisa. Serão aplicados 62 mil questionários em Foz. No Paraguai e na Argentina, ainda não foi definida a quantidade. Até agora, foram aplicados 4,5 mil questionários. Do total, 950 foram tabulados.


A pesquisa começou pela Vila C.

Toda ação de coleta de dados e análise dos resultados conta com o apoio da Itaipu Binacional, por meio do Programa de Proteção à Criança e ao Adolescente (PPCA), cujo objetivo é o fortalecimento das políticas públicas e da rede de proteção integral a crianças, jovens e adolescentes da região.
Para conseguir o efeito esperado, foram estruturadas 40 perguntas capazes de avaliar os dados biológicos, demográficos, socioeconômicos, culturais, familiares, educacionais, criminais e comportamentais.

Iniciada em 2009, a análise já demonstra os primeiros resultados. Como projeto piloto, os questionários foram respondidos pelos moradores da Vila C, bairro vizinho à usina de Itaipu e também da universidade.

Para conseguir o efeito esperado, foram estruturadas 40 perguntas capazes de avaliar os dados biológicos, demográficos, socioeconômicos, culturais, familiares, educacionais, criminais e comportamentais. A pesquisa contará também com dados da prefeitura. Preliminarmente, foi possível identificar que a comunidade, apesar de ser considerada de baixa renda, é otimista e corre atrás dos objetivos. Conforme explica Joel de Lima, responsável pelos programas de responsabilidade social, a empresa decidiu apoiar a pesquisa porque, depois de pronta, será uma ferramenta muito importante para balizar as ações responsabilidade socioambiental da Itaipu e de políticas públicas a serem implementadas na região. "Com dados e informações sobre as reais necessidades deste público, as atividades terão mais efetividade", justifica.Na avaliação da coordenadora do PPCA, Gladis Mirtha Baez, ao partilhar conhecimento, a academia está cumprindo seu papel e colaborando para a transformação da comunidade.

Na Vila C

População jovem da Vila C: gente otimista que corre atrás dos objetivos.

O estudo demonstra que 75% dos moradores da Vila C têm mais de 25 anos. As crianças entre 12 e 15 anos representam apenas 9%; adolescentes entre 16 e 19 anos, 8%. Os jovens com mais de 20 anos somam outros 9% do total. E mais de 60% da população cursaram o ensino fundamental.

A maioria dos entrevistados deixou os bancos escolares para trabalhar e ajudar nas despesas da casa. Mesmo abandonando os estudos para incrementar o orçamento doméstico, os moradores da Vila C podem ser considerados de baixa renda. A receita mensal de 60% das famílias não ultrapassa dois salários mínimos - R$ 1.020.

Um dos temas que mais preocupam os agentes sociais, os pesquisadores e a própria Itaipu é a falta de emprego. Metade dos jovens entre 16 e 24 anos - que representam 24% da comunidade -, está desempregada. E outros 21% trabalham, mas sem carteira assinada.

Apesar das dificuldades, os entrevistados esperam uma melhora na qualidade de vida. Para 15% do total, o desemprego está ligado à falta de cursos profissionalizantes. De acordo com os entrevistados, antes de iniciar uma carreira profissional é preciso estar capacitado em alguma área.

Os jovens são otimistas. Segundo o levantamento, para 33% do público, o melhor de ser adolescente é ter a oportunidade de estudar e adquirir novos conhecimentos. Lutar por objetivos configurou o segundo lugar, com 18%. Por outro lado, a pior coisa é a violência. Esta opção foi selecionada por 35% dos entrevistados.

Violência
Apesar do estudo ter apontado que 94% das mortes de crianças entre 2000 e 2007 foram provocadas por causas externas (homicídios, principalmente), o que torna o bairro violento, a maioria dos casos foi importada - jovens de outras regiões da cidade foram vítimas na vila C.

A expectativa dos professores Elis Palma Priotto e Oscar Kenji Nihei é avaliar as características destes jovens considerando as diferentes dimensões do indivíduo e seus anseios quanto às necessidades de promoção de políticas públicas, bem como ouvir deles indicações de possíveis iniciativas relativas aos diferentes problemas sociais.

Fonte: JIE - Itaipu

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